domingo, 6 de novembro de 2011

Sobre os Amigos


Faltou a Lais que estava presente em espírito

Hoje encontrei com meus amigos pela última vez antes da viagem. Eu não tenho palavras para descrever nossa amizade, encontrei um poema que diz uns 10% do que eu sinto.

Amigo:

Quando estiver num momento ofendido,
faça a sua queixa ao meu ouvido,
que eu o acalento.
Se o fustiga o dissabor
de qualquer vento inquieto,
deixe que eu lhe seja o objeto
a anteparar o frio.
E se o vazio da tristeza
lhe assaltar o peito
traga-me a dor
que arranjo um jeito
de alizar-lhe a aspereza.

Mas, por favor, venha correndo
a cada vez que se pressentir
sofrendo,
para que eu possa amparar a sua inquietação.
Estendo-lhe a mão
quando sentir que titubeia
no caminho,
pois tenho a fórmula encantada
do carinho,
que o porá de novo
em pé, na estrada.

Se, porventura,
tiver um momento de saudade
de uma imagem já gasta e esmaecida,
deixe que eu seja aquela amiga
escolhida,
para lhe ouvir a estória.
Mas se, ao contrário,
estiver vivendo um sabor de glória,
fique ao meu lado
para que eu possa aplaudir
embevecida,
seu momento de ascensão.

Quero ser chamada em toda situação,
para ser ouvinte,
para ser usada.
E em troca dessa devoção
até desbalançada e descabida,
não quero nada,
a não ser a sua aura tão dourada
a me roçar a vida.

Flora Fiqueredo (Calçada de Verão)

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